"Depois de uma tentativa frustrada de embarcar para a Costa Rica, a fim de continuar as gravações do filme Lisergia Clássica, resolvemos dar um gás na captação de material pelo Brasil.
Fiz contato com alguns amigos catarinenses e garanti quatro pautas que considerávamos importantes. Na companhia de Paulo Camargo, cheguei ao mesmo tempo de um consistente swell de Sul e fomos recepcionados no Farol de Santa Marta (SC) pelos irmãos Felipe e Fábio Siebert, da Siebert Woodcraft Surfboards. Os caras fazem pranchas clássicas de madeira, com trabalho artesanal voltado aos anos 50 e 60. Lá conhecemos um amigo deles chamado Lucas Búrigo, que surfou com uma réplica que o Pat Curren desbravou Waimea, uma prancha feita 100% em madeira, 11'7'' e monoquilha. Ele impressionou nas pesadas ondas, fazendo valer nossa investida até Laguna. Ainda mandou um depoimento interessante para um garoto de apenas 22 anos, mostrando muito conhecimento da história do surf, principalmente no que diz respeito ao surf clássico. Inclusive criou o blog Back to Singlefins, onde filosofa sobre a história do esporte.
à partir da esquerda: Jaime Viudes, Lucas Búrigo, Fabricio Rampinelli, Fabio Siebert, Felipe Siebert (Foto: Paulo Camargo)
Lucas Búrigo com sua réplica Pat Curren 11'4" (Farol de Santa Marta / Laguna / Foto: Fábio Siebert)
Partimos no dia seguinte para Florianópolis, com a missão de gravar com o lendário surfista e shaper Fernando Moniz, o Marreco. Carioca radicado em Santa Catarina, ele vive atualmente na serra, longe do mar, mas mantém a forma com outras atividades, como SUP e surf de rio. Mal o dia raiou e estávamos pegando umas marolas simpáticas na praia Mole. Foi demais ver o Marreco desfilando sua arte clássica e remando como um garoto aos 60 anos. No meio da manhã, os irmãos Siebert apareceram na Mole e tive a oportunidade de experimentar um dos seus longboards de madeira. Tudo o que o Felipe busca no design das suas pranchas funciona perfeitamente na prática. Ele tem uma linha de shape bem clássico e pude constatar que pelo menos nas pranchas dele, a madeira funciona melhor do que as pranchas de espuma. São bem estáveis no footwork e manobras de nose e o benefício da inércia é impressionante. Ao mesmo tempo o drive é fácil e o surf fica muito divertido, como se fosse uma volta ao passado. De tarde passamos na fábrica deles para conhecer os passos da fabricação de uma prancha de madeira. O Felipe comentou que não tinha muita referência de shape clássico na região e pediu que eu desse alguns palpites. Depois de surfar com a sua prancha, a única coisa que pude dizer foi que ele sabia exatamente o que estava fazendo. As pranchas são perfeitas, tanto nos detalhes de acabamento, quanto na prática.
Jaime Viudes pela primeira vez com uma Siebert ( Noserider 9'6" / Praia Mole / Florianopolis)
A cada gravação temos convivido com histórias de pessoas que levam uma vida completamente voltada a pegar onda. Surfistas renomados e outros nem tanto, veteranos e moleques encantam com suas filosofias de encarar o esporte e no faz acreditar ainda mais que documentar tudo isso é um legado essencial para o surf brasileiro. Santa Catarina deu o tom perfeito para as filmagens com suas ondas, personagens e visuais poéticos. Aproveitamos para explorar bem os aspectos culturais da região, por meio de imagens clássicas, um prato cheio para o Paulo Camargo, responsável pela fotografia do filme.
Lisergia Clássica é um documentário em produção que retrata a pureza do esporte, com participação de grandes nomes do longboard brasileiro e mundial. As primeiras gravações foram feitas na Califórnia, em locais importantes para a cultura do surf, tendo sequência no Peru, durante um consistente swell na região de Chicama."
(confira o texto completo aqui)
Para saber mais, acesse a página do filme no Facebook.